O processo educativo voltado para o estabelecimento de uma sociedade sustentável representa um desafio significativo, pois requer a superação de preconceitos e resistências profundamente enraizados na natureza humana ao longo da expansão da sociedade e da cultura capitalista. Para tanto, é imperativo que evitemos que as futuras gerações, especialmente as crianças, sejam influenciadas por um mundo que perpetua práticas alienantes e insustentáveis. Temos a séria responsabilidade e o compromisso de nossa geração serem impulsionadores desse novo tempo.
A construção desse paradigma educativo alternativo demandará um diálogo constante e aberto, no qual nenhuma entidade, etnia, nação, homem ou mulher se sobressaia em importância. Todos devem estar empenhados em um diálogo de saberes colocados de forma horizontalizada, frente a frente, em busca dos elementos sustentáveis norteadores. Todos devem contribuir e aprender, reconhecendo que o educador também deve ser educado, especialmente nesse contexto criativo e inovador de sustentabilidade. Esse processo será um desafio contínuo, visando à restauração do equilíbrio nas relações humanas, que foram prejudicadas por abusos de poder, ganância e dominação ao longo dos últimos séculos.
O diálogo genuíno e franco é essencial para abordar os problemas, frustrações, ansiedades e dúvidas que surgem. Nesse cenário, não existem vencedores nem perdedores, apenas indivíduos em busca de aprendizado em direção a um novo tempo; todos serão aprendizes. A empatia, a alteridade, o cuidado e o respeito são valores fundamentais que devem guiar esse processo.
As mudanças já começaram a emergir da resiliência inerente à capacidade humana de criar soluções para sobreviver. Observando a natureza com atenção, como mencionado anteriormente, e exercitando a imaginação para visualizar novos cenários, novas perspectivas podem surgir. Isso é comparável a reiniciar um computador com problemas, permitindo a reprogramação da mente e dos valores que nos conduziram até o presente, quem sabe com a ajuda de um “antivírus” que retire toda a imposição humana de ódio, de poder, de destruição.
Reprogramar a mente e o espírito é necessário para decifrar os caminhos do futuro. Não se trata de aderir a ideologias do passado, mas de libertar a mente para abraçar o futuro sem os vícios do passado, expandindo a alma humana para novos desafios. Antes de tudo, é crucial aprender a pensar de maneira crítica, refletindo sobre nossa condição humana.
Ao pensar no futuro, não devemos trilhar pelas buscas já experimentadas. Significa questionar os processos que nos trouxeram à situação atual e desenhar utopias que nos guiarão em direção a um mundo melhor. Pensar no futuro é unir-se aos outros ao nosso redor, buscando uma transformação genuína e pura desde nossa origem humana.
Pensar no futuro é adentrar na metamorfose da vida que se desdobra diante de nós, superando dificuldades para emergir em uma forma mais avançada. É comparável à metamorfose de uma lagarta que se torna uma borboleta, voando livremente em busca de novos horizontes. Devemos abraçar a esperança de moldar a vida de maneiras inéditas, desejáveis, aceitáveis e possíveis.
Além disso, é crucial questionar a influência eurocêntrica e norte-americana na representação do mundo e expandir nossos horizontes além dos territórios nacionais e locais. Isso requer uma mudança significativa em nosso pensamento, construindo e adotando um paradigma emergente que nos desafie com abordagens científicas que realmente agreguem à compreensão dos fenômenos.
Portanto, o processo educativo em direção a uma sociedade sustentável exige uma transformação profunda na forma como pensamos, agimos e nos relacionamos com o mundo, com a natureza e uns com os outros. Essa transformação é um desafio constante, mas é essencial para construir um futuro melhor e mais promissor para todas as formas de vida em nosso pequeno, frágil, porém belo planeta Terra, nossa única casa possível para os próximos séculos.