A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga a morte de Sarah Raissa Pereira de Castro, de 8 anos, ocorrida após a inalação de gás de desodorante aerossol em Ceilândia (DF). A suspeita é de que a prática tenha sido motivada por um desafio disseminado nas redes sociais.
A criança foi levada ao Hospital Regional de Ceilândia no dia 10 de abril, após sofrer uma parada cardiorrespiratória. A equipe médica realizou cerca de uma hora de manobras de reanimação até conseguir estabilizar a paciente, que permaneceu internada sem apresentar reflexos neurológicos. A morte cerebral foi confirmada neste domingo (13), três dias após a internação.
Segundo nota enviada pela PCDF ao Portal iG, a menina teria inalado deliberadamente o conteúdo de um desodorante spray. O caso está associado ao chamado “desafio do desodorante”, prática em que participantes aspiram o gás do produto buscando provocar reações como tontura ou desmaio.
A investigação foi iniciada no mesmo dia da confirmação da morte cerebral. Os agentes buscam identificar a origem do conteúdo que estimulava a prática, bem como possíveis responsáveis pela disseminação do material. De acordo com a polícia, se for comprovado o vínculo entre a divulgação e a morte, os envolvidos podem responder por homicídio duplamente qualificado — por uso de meio que ofereça perigo comum e por ter como vítima uma criança. A pena pode chegar a 30 anos de prisão.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal afirmou ao Portal iG que não pode divulgar informações específicas sobre o caso, citando o Código de Ética Médica, que proíbe a liberação de dados clínicos de pacientes identificáveis, mesmo com autorização.
O “desafio do desodorante” circula principalmente por meio de redes sociais como TikTok, Instagram e WhatsApp. A prática consiste na inalação de gases propelentes presentes em produtos aerossóis, como butano e propano. Esses compostos podem provocar hipóxia — redução de oxigênio no cérebro —, arritmias cardíacas, convulsões, danos neurológicos permanentes e, em casos extremos, a chamada síndrome da morte súbita por inalação.
Crianças e adolescentes são mais vulneráveis a esse tipo de conteúdo por não compreenderem totalmente os riscos associados. Em março deste ano, uma menina de 11 anos morreu em Pernambuco em condições semelhantes, também após inalar aerossol.