No último domingo (22), uma manhã e tarde repletas de memórias tomou conta da Rua União, no Jardim Saúde. O motivo: o aniversário de 80 anos de Roseli Teixeira, primogênita mulher de uma família com 18 irmãos, sendo 16 ainda vivos — 15 deles presentes no evento. Mais do que uma comemoração, o dia se transformou em uma reverência à história de luta, dedicação e amor fraterno que atravessa gerações.
Em um ambiente decorado com fotos antigas, frases inspiradoras e o número “80” em destaque, a celebração reuniu diferentes gerações da família Teixeira. Enquanto a churrasqueira perfumava o ar e as risadas ecoavam entre partidas de baralho e bate-papo animado, todos compartilhavam algo em comum: a gratidão por Roseli, considerada por muitos como a "segunda mãe" dos irmãos.
Filha do casal Álvaro Luiz Teixeira e Alvarina Félix, Roseli foi a primeira menina a nascer entre os 18 filhos. Desde cedo, assumiu responsabilidades que iam muito além da sua idade. Cuidava da casa, lavava roupas no ribeirão e ajudava a criar os irmãos, ao mesmo tempo em que zelava pelos pais até seus últimos dias.
Sem nunca ter se casado, dedicou sua vida à família. “Ela sempre esteve ali, presente, firme, com amor e coragem”, declarou Ana Alvina Teixeira, uma das irmãs de Roseli e anfitriã do encontro. Durante a festa, Ana leu uma carta emocionada em nome de todos os irmãos:
“Temos um carinho e consideração muito grande por você. A consideramos nossa segunda mãe. Que Deus lhe conceda muitos anos de vida com saúde e alegria.”
O clã Teixeira tem origem em Elói Mendes (MG), onde Álvaro e Alvarina se casaram em 1940. Mais tarde, migraram para o Paraná, estabelecendo-se em Santo Antônio da Platina. A trajetória da família é marcada por trabalho árduo na lavoura, sacrifícios e superação.
“Meus pais não tinham recursos, faziam tudo a pé ou a cavalo. Papai comprou uma carroça com rodas de ferro e depois uma camionete Jeep verde, que foi uma alegria pra família inteira”, lembrou Ana Alvina.
Mesmo com as dificuldades, todos os filhos foram encaminhados à Igreja Católica, fizeram Primeira Comunhão e Crisma, e aprenderam o valor do trabalho desde cedo. “As mulheres também pegavam na enxada. Era luta, mas vencemos com fé e união”, reforça.
Em um momento de emoção coletiva, os presentes deram as mãos e rezaram juntos o Pai Nosso e a Ave-Maria, antes de entoar o tradicional “Parabéns pra você”. Em seguida, foi servido um almoço especial preparado pela própria família.
Visivelmente emocionada, Roseli agradeceu:
“Só tenho a agradecer a Deus pelo dom da vida. Estou muito feliz ao lado dos irmãos, sobrinhos e demais familiares. Valeu cada luta. Nunca estive internada, tenho saúde e a família pra mim é tudo.”