A morte de mãe e filha gerou pânico entre os moradores do Parolin, em Curitiba. Segundo familiares, Vanessa de Almeida, de 37 anos, e Ketllim Sabrina de Almeida Cardozo, de 23, morreram com três horas de diferença, a mãe na segunda-feira (24) e a filha na madrugada desta terça-feira (25), após apresentarem sintomas parecidos. Cada uma tinha sido encaminhada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Segundo os relatos dos familiares, mãe e filha foram internadas com dores, diarreia e vômitos. Vanessa foi levada até a UPA do Fazendinha e Ketllim à UPA do Boqueirão. Vanessa chegou a ser transferida ao Hospital Evangélico Mackenzie, onde morreu. Já Ketllim morreu na UPA mesmo. A Prefeitura de Curitiba informou que está investigando a causa das mortes.
No atestado de óbito de Vanessa, a informação é de que ela morreu de “choque séptico; pneumonia comunitária grave”. O líder comunitário Edson do Parolin disse que a principal dúvida da comunidade é se elas podem ter sido vítimas de algum vírus contagioso.
“Foi envenenamento? Foi tuberculose? Foi leptospirose? O que a gente quer saber dos médicos é uma verdade. Por quê? Porque a gente mora numa comunidade tudo aglomerado. E se foi um vírus, uma bactéria que avança em mais pessoas, em quem morava com elas na casa. Está em pânico a comunidade”, disse Edson do Parolin.
Maria José Mayer, cunhada de Vanessa, disse que acompanhou a mulher na UPA e chegou a ir até o hospital quando ela foi transferida. Mas tudo aconteceu muito rápido, segundo a ela.
“Ligaram falando que ela estava no Fazendinha e ia ser transferida para o Evangélico. Chegamos lá, demorou uns 15 minutos para a assistência social chamar nós e falar que ela ia fazer uma nova bateria de exames e que a gente poderia aguardar. Ficamos aguardando nem 45 minutos, ela chegou, daí chamou o médico para falar com a gente numa sala e ele falou que a Vanessa tinha entrado em óbito”, contou Maria José Mayer, cunhada de Vanessa.
Segundo Maria, ninguém explicou nada para a família, muito menos sobre a causa da morte.
“Eles não explicaram nada, ele falou que poderia ter sido uma pneumonia ou começo de uma tuberculose. Nada concreto. Aí a irmã perguntou se poderiam levar ela para o IML para fazer necropsia, e eles disseram que não, que já era dali mesmo que já iria para a funerária”, comentou Maria.
Além de mãe e filha, dois irmãos de Ketllim também começaram a passar mal. A família os levou para o hospital, onde fariam exames.
“O menino de dez anos está no Pequeno Príncipe fazendo exames porque estava com dor de cabeça, diarreia e sangrando o nariz. A irmã foi para o hospital com ele, mas não tinha nenhum sintoma”, disse a mulher.
Busca por respostas
Wisla Mayer Almeida, a sobrinha de Vanessa, comentou que além de toda a tensão pela situação das duas, ainda tiveram que lidar com desinformação por parte das equipes médicas.
“Passaram pra gente que tinha uma vaga já na UTI para a Ketllim, no Hospital Evangélico, e eu liguei no Hospital Evangélico pra tirar essa dúvida, eles me alegaram que ela era vaga zero, que não existia ainda essa vaga. O médico passou pra gente que existia, porém não existia. Ela estava já há quatro horas esperando uma UTI móvel para poder ser encaminhada, segundo os médicos falaram pra gente. Também não existia solicitação dessa ambulância. Eu liguei no 156, relatei o que estava acontecendo, relatei que a gente já tinha perdido a mãe dela e aí chegou uma ambulância”, contou Wisla, sobrinha de Vanessa.
Porém, segundo o relato da jovem, 10 minutos antes de a ambulância chegar, Ketllim teve uma parada cardíaca. O que a família quer é uma resposta concreta sobre o que levou a morte das duas.
“A gente só quer uma resposta, a verdadeira causa, porque não existe isso, duas pessoas estão com os mesmos sintomas e ser causa de morte diferente. A gente precisa saber da verdade. Eu pedi para eles que eles pegassem e encaminhassem para o IML para fazer uma perícia, para a gente saber a verdadeira causa, que lá no prontuário é deles, eles põe o que eles querem, não a verdade que a gente quer saber. E agora fica aí, a gente, família, sofrendo com a dor da perda, de perder duas pessoas de uma forma horrível que foi. A gente só quer uma resposta, a só quer a verdade. Porque a dor é nossa e eu acho que o direito também é nosso de saber a verdade de tudo que aconteceu nesses dias”, desabafou a jovem.