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Professora viraliza com homenagem a pai, mãe e avó mortos sem vacina

Os três foram infectados pelo novo coronavírus em fevereiro

22/06/2021 às 12h27
Por: Redação Fonte: BBC Brasil
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Tallyta recebeu a primeira dose da AstraZeneca no último sábado e quis homenagear familiares
Tallyta recebeu a primeira dose da AstraZeneca no último sábado e quis homenagear familiares

No momento em que recebeu a primeira dose da vacina contra a covid-19, na manhã de sábado (19/6), a professora Tallyta Cerqueira levantou um cartaz em homenagem a familiares que morreram pela doença.

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“A vida não espera!”, diz o recado. Na folha, ela colocou as datas em que perdeu a avó, o pai e a mãe para a enfermidade causada pelo novo coronavírus. Ao fim, a tag #vacinasim.

Em março deste ano, ela perdeu os familiares em menos de 20 dias: primeiro a avó materna, depois o pai e por último a mãe.

Os três foram infectados pelo novo coronavírus em fevereiro. Tallyta relata que foram quase 50 dias de angústia, dor e medo.

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“Tudo, tudo o que vivermos daqui para frente terá um pouquinho, senão muito, das três pessoas maravilhosas que nos deixaram”, escreveu a professora em uma homenagem aos familiares em seu perfil no Facebook.

Quando soube que seria vacinada contra a covid-19, Tallyta pensou em uma forma de homenagear os entes queridos, que não tiveram a chance de ser imunizados contra a covid-19.

“Não consigo definir com um único sentimento o fato de ser vacinada hoje. É um misto de gratidão, euforia, tristeza e impotência, por não ter visto meus familiares tendo a mesma oportunidade”, escreveu Tallyta, ao publicar a foto do momento em que recebeu a primeira dose do imunizante da AstraZeneca.

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“Como eu queria ter todos ao meu lado, vacinados, aguardando a segunda dose, saudáveis, e presentes fisicamente. Infelizmente, a vida não espera, não deixa pra depois, não dá uma segunda chance…”, acrescentou a professora no texto.

A publicação de Tallyta viralizou nas redes sociais. Somente no perfil dela no Instagram foram mais de 87 mil curtidas. Diversas páginas compartilharam a imagem. “Não sabia que daria tamanha repercussão”, relata a professora à BBC News Brasil.

‘A dor é imensurável’

Tallyta, de 32 anos, é de Ponta Grossa, no Paraná, mesma cidade em que os entes queridos dela moravam. Por volta da segunda semana de fevereiro, a família começou a apresentar sintomas de covid-19.

A primeira a testar positivo para a doença foi a pensionista Terezinha Camera, avó materna da professora. “Ela se cuidava muito e eu fazia mercado e outras atividades para ela. Mas uma hora ou outra a minha avó dava uma escapada para comprar algo ou ir ao banco”, diz Tallyta sobre como a idosa pode ter contraído o novo coronavírus.

A professora e o marido, que na época moravam com a idosa, descobriram dias depois que também foram infectados. O filho deles não apresentou sintomas.

Os pais da professora, a dona de casa Inês de Fátima Camera e o motorista de caminhão Wilson Alves, também foram infectados. Na época, os familiares, apesar de morar em casas separadas, mantinham contato frequente.

Tallyta e o irmão caçula, Marllon Camera, tiveram sintomas leves. O marido dela chegou a ser internado por pouco mais de uma semana e se recuperou.

Já a avó dela teve quadro considerado gravíssimo. Terezinha foi internada em um hospital particular de Ponta Grossa em meados de fevereiro e logo foi intubada.

Depois, Inês também precisou ser internada e posteriormente foi intubada. No início de março, o estado de saúde de Wilson também se agravou e ele foi levado ao hospital.

Com os três familiares internados, Tallyta relata ter vivido período de aflição intensa e angústia. Ela e o irmão passavam os dias à espera de notícias dos parentes.

Em 11 de março, Terezinha, de 73 anos, morreu após ficar intubada por semanas. O quadro de saúde da idosa havia se agravado após uma pneumonia, em decorrência da covid-19. “A minha avó era saudável e muito ativa. A gente tinha esperanças de que ela fosse se recuperar”, lamenta a professora.

Dois dias depois, Wilson, de 52 anos, também não resistiu às complicações causadas pela covid-19.

Em meio às duas perdas, Tallyta e o irmão tiveram de cuidar dos procedimentos para enterrar os familiares, enquanto se preocupavam com o estado de saúde da mãe.

Durante o período de internação, Inês, de 53 anos, melhorou e saiu da intubação. Encaminhada para um quarto, ela recebeu a visita dos dois filhos. Durante o encontro, soube da morte do companheiro e da mãe. “Ela disse que já sentia algo bem triste no coração e que estava tranquila porque havia feito tudo o que podia pelos dois”, diz Tallyta.

A professora considera que o encontro com a mãe foi uma forma de despedida. “Ela voltou só pra se despedir, orientar e deixar a gente calmo. Aquele momento foi muito importante”, relata.

Dias depois, Inês piorou e os médicos descobriram que ela estava com pneumonia. A mulher precisou ser intubada novamente na UTI. Em 28 de março, a dona de casa não resistiu.

Para Tallyta, não há palavras que possam expressar o sentimento de enterrar metade da família em quase três semanas.

“A dor é imensurável, a saudade é diária e infinita. Os questionamentos sobre a vida não chegam ao fim. Parece que nunca será mais fácil”, escreveu a professora em seu perfil no Facebook, em uma publicação feita no fim de maio.

Após as mortes dos familiares, Tallyta foi diagnosticada com depressão. Ela segue em tratamento e foi afastada temporariamente das salas de aula.

“Na última vez em que fui à escola, depois que perdi meus pais e minha avó, me bateu um desespero. Comecei a chorar muito. A direção me orientou a procurar ajuda e comecei um tratamento para a depressão”, diz.

Para ler a matéria completa na BBC Brasil clique aqui.

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