"Sou muito feliz, foi um ótimo presente de aniversário e obrigado a todo mundo que pediu pra Deus que meu transplante desse certo. Beijo!". Esse foi o agradecimento da Manuela, de 11 anos, que depois de dois anos e dez meses fazendo hemodiálise, recebeu um transplante de rim. A espera de quatro meses em uma fila de transplante de um hospital em Curitiba (PR), só foi terminada por uma coincidência e a ajuda de militares, que auxiliaram no translado.
Manuela é de Vicentina, que fica a 250 quilômetros da capital. Ela nasceu com uma malformação congênita da coluna vertebral, que comprometeu o funcionamento da bexiga. As crises de infecção urinária lesionaram os rins e a família viajava quatro vezes por semana para fazer tratamento de hemodiálise em Campo Grande. Em fevereiro deste ano, a menina entrou na fila de transplante, em Curitiba, e no dia 19 de junho, veio a ligação do hospital, dizendo que havia um rim compatível com o dela.
"Ela foi convocada e tinha que estar em Curitiba poucos dias depois. Só que não há voo comercial para lá no momento e tínhamos prazo para chegar a tempo de fazer o transplante. Acionamos os militares da Casa Militar e as coisas foram dando certo", explica Claire Miozzo, Coordenadora estadual da Central de Transplante.
Por coincidência, o comandante da aeronave era o tenente coronel Luiz Antonio Trombini, que tinha uma agenda com secretário de saúde em Dourados, justamente onde a menina estava. As aeronaves que fazem o transporte de equipamentos e autoridades, passaram a transportar órgãos de doadores e pacientes que estão na fila para o transplante, em 2018. De lá pra cá foram 30 missões, nove só este ano. A coordenadora de transporte aéreo tem ao todo 4 aeronaves pra realizar esse tipo de missão.
"A Manuela no começo ficou apreensiva, mas depois conheceu a cabine de comando e a gente via a alegria dela. Não temos a gente não tem palavras e ficamos ainda mais felizes já que não existia esse tipo de serviço por militares no estado", explica o comandante. A menina foi levada até Curitiba em uma aeronave King Air, que tem capacidade para sete passageiros e autonomia de 5 horas e meia de voo.
Manuela precisou ir para Curitiba pois Mato Grosso do Sul, apesar de fazer o transplante de rim, não tem doadores infantis. Atualmente o estado tem 153 pessoas na fila aguardando pelo transplante de rim, 148 para transplante de córnea e dois, de coração. Até maio, 43 órgãos de doadores foram enviados para outros estados - o que acontece quando não há compatibilidade com quem aguarda na fila aqui.
A garota disse receber um "presente de aniversário" porque completa 12 anos no próximo dia 27. O transplante foi um sucesso e Manuela agora se recupera no hospital de Curitiba. A mãe da menina, Luana Yasunaka, demonstrou gratidão a quem auxiliou a família a viajar para o Paraná. "Queria agradecer todos que moveram céus e terras para que pudéssemos chegar a tempo do transplante. Ela tem vida nova agora e devo muito a ajuda de todos", finaliza.